sábado, 28 de junho de 2008

O Diário Perdido

Adão havia perdido tudo que tinha escrito durante aqueles dois anos. Conscientemente, perdeu, quis perder aquelas feridas e alegrias, só porque naquele fatídico dia caiu metal num precipício e o direito a ser e ter se encontrava adulterado. Tudo por nada. Mas havia um testamento, um testemunho, um tratado que impunha soberana vontade e ordenava ser apresentado. E assim, Adão obedeceu.
E não quis mais ser um modelo de falta de personalidade. E odiou sem odiar aqueles que o tiraram do trono que um dia foi seu. Mas a coroa ainda estava lá, ainda havia aquele ceptro que nunca o abandonara. Destronado, sim, mas, ainda assim, rei por direito, por sangue, por Divina Providência. Por vontade própria também. E o seu reino ainda tinha o maior número de súbditos de entre todos os reinos. E os mais fiéis de todos, era certo.
Assim, Adão começou lentamente a elaborar um plano táctico
que lhe permitisse erguer-se de novo.
Sol
Pedra
Tijolo
Carne
Adão era dEUS.
Agora, as engrenagens estão finalmente a rodar e a Machina do Mundo ferve de óleos e vapor e enxofre.
É a hora.