sexta-feira, 4 de julho de 2008


Se eu pudesse engolir o mundo todo de uma vez.




Se eu pudesse ascender aos céus e apreender a lei num grito de fogo.




Se eu pudesse ser a espada que fura o céu e o martelo que cai sobre a Terra.




Se eu pudesse furar-me todo e explodir de luz, e receber receber receber.




Se eu pudesse dar-me todo, em partes cortadas a sangue frio e alimentar.




Se eu pudesse.

Tempus fugit



Samuel Beckett - Ohio Impromptu

Há sempre um livro que conta histórias. Essas histórias são aquelas nas quais tomamos conforto, que nos impedem de seguir em frente, talvez porque o futuro seja uma incógnita que muitas vezes nos assusta demasiado. É essa a tosse que comanda os nossos olhos e os projecta apenas num raio em sentido contrário ao Tempo. Constantemente e insistememente batemos nós com os punhos nas mesas. Mas anda, tudo. O que acontece é que somos nós mesmos que por vezes nos achamos presos entre as rodas e os ponteiros. E há sempre o maternal, o sítio perfeito a que pretendemos concomitantemente recuar. Voltar para trás, ouvir as histórias, vivê-las talvez de novo.

Incapacidade de andar para a frente, de deixar tudo para trás, principalmente o que foi perfeito - não é esse o sintoma do universo? Não é essa a síndroma pós-traumática criada após o primeiro berro?

Afinal, somos cinza, eclipse, incêndio, estrago.

Frailty, thy name is Time.

apó mechanés theós

Tenho aprendido que eu sou o meu próprio deus ex machina. E tenho também reparado que as coisas mais pequenas são todas mecanismos que rodam em círculos que ascendem e descendem, com engrenagens que precisam de ser oleadas constantemente.
Somos todos braços de um corpo maior e temos todos braços que são partes menores da nossa grandeza.

Máxima

A vida são dois dias e eu só quero viver um e meio.

(resposta a Kurt Cobain)