"... que fazer? temos sexo, usemo-lo; temos mãos, trabalhemos; que a nossa lamentação ao menos seja um canto verdadeiro; tenho asco e tristeza quando o penso, mas se não pensasse isto tê-los-ia na mesma; pois pensemos; a salvação não está senão em mim, no meu sexo, no meu prazer, ou num filho talvez; se fui talhado para pertencer ao medo, se um pânico me come e me alimenta, seja enfim eu mesmo, e não sem desespero; seja eu para mim um homem, e um deus que se ergue do seu leito nas trevas; são horas de levantar-me, horas de tentar ser; ser, sendo."
Almeida Faria, A paixão