segunda-feira, 1 de março de 2010

confirmação na arte

"... que fazer? temos sexo, usemo-lo; temos mãos, trabalhemos; que a nossa lamentação ao menos seja um canto verdadeiro; tenho asco e tristeza quando o penso, mas se não pensasse isto tê-los-ia na mesma; pois pensemos; a salvação não está senão em mim, no meu sexo, no meu prazer, ou num filho talvez; se fui talhado para pertencer ao medo, se um pânico me come e me alimenta, seja enfim eu mesmo, e não sem desespero; seja eu para mim um homem, e um deus que se ergue do seu leito nas trevas; são horas de levantar-me, horas de tentar ser; ser, sendo."
Almeida Faria, A paixão

abrupto

Cada vez mais me parece que o capítulo final (ou, pelo menos, os últimos dois capítulos) do Memorial do convento podia muito bem ser um conto, pelas características que apresenta. Bastava um pouco mais de caracterização das personagens e teríamos aí uma bela forma breve. O que não tira de todo a genialidade ao romance.