FRESTA
Em meus momentos escuros
Em que em mim não há ninguém,
E tudo é névoas e muros
Quanto a vida dá ou tem,
Se, um instante, erguendo a fronte
De onde em mim sou aterrado,
Vejo o longínquo horizonte
Cheio de sol posto ou nado
Revivo, existo, conheço,
E, ainda que seja ilusão
O exterior em que me esqueço,
Nada mais quero nem peço.
Entrego-lhe o coração.
Fernando Pessoa
sábado, 27 de fevereiro de 2010
o olhar de uma criança
“Estilhaço”
O olhar de uma criança
Fitando um copo rachado
Água a escapar pela fenda
O olhar de uma criança
Descendo a ameaça de
Um alvo desenhado no seu rosto
Vê a serpente mordendo o vidro
O indicador de uma pálida mão incógnita
Abrindo-lhe os queixos avermelhados
O olhar de uma criança
Sabendo que terá de beber o veneno
Abre a boca com receio de um tiro
O corpo do réptil abraçando-lhe o pescoço
O olhar de uma criança
Sob o descolar de um avião
Ou apenas a sua passagem bombástica
O sobrolho franzido e resignado
Aceitando a cor do seu sangue
A mesma cor do veneno da guerra
in Frederico Rodrigues, Guerra
O olhar de uma criança
Fitando um copo rachado
Água a escapar pela fenda
O olhar de uma criança
Descendo a ameaça de
Um alvo desenhado no seu rosto
Vê a serpente mordendo o vidro
O indicador de uma pálida mão incógnita
Abrindo-lhe os queixos avermelhados
O olhar de uma criança
Sabendo que terá de beber o veneno
Abre a boca com receio de um tiro
O corpo do réptil abraçando-lhe o pescoço
O olhar de uma criança
Sob o descolar de um avião
Ou apenas a sua passagem bombástica
O sobrolho franzido e resignado
Aceitando a cor do seu sangue
A mesma cor do veneno da guerra
in Frederico Rodrigues, Guerra
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