terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

arquitectando esqueletos parte 3

Partiria pelas 14.30.
Estava nervoso porque era suposto
estar nervoso em situações assim.
A caminho do aeroporto, sentia um fogo
na garganta e no estômago,
um fogo que me ardia gelidamente em contacto com o
ar condicionado do carro
dos meus pais. No entanto,
deixei-me estar conduzindo, só para não ter
saudades
disso tão cedo.
Os meus pais
discutiam com
o meu irmão, e
o meu primo, que viera porque gostava muito de aeroportos,
permanecia calado,
provavelmente feliz com a expectativa de
rever os aviões a partir e a aterrar.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Américo

"À noite, tudo me é execrável e todas as coisas me são mais claras. Renego tudo porque tudo me incomoda as entranhas. Faço o mundo girar ao ritmo da minha bateria. Ao som de uma locomotiva em andamento exalando vapores negros como o breu, abano a minha cabeça e, morto para o mundo, é como se ele fosse uma bola de bilhar que manipulo ou esmago contra uma parede."
Ricardo X. Fonseca, O rei sem trono