segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

arquitectando esqueletos pt2

Queria nunca ter vivido. Queria nunca te ter visto depois de morto.
O esperma saiu e eu esmurrei as gavetas das meias e cuecas.
E o rapaz da sala de jogos eras tu morto,
eu fodia com a tua morte e vinha-me.
O rapaz preto a eriçar-me os pêlos e o medo de que me estivesses a ver. Eu descobria-me
e tu
morreste-me.
Vi-te em todos os momentos das nossas vidas.
E eu preso no meu corpo que não soube responder a tudo.
A tua mulher chorava num dos quartos e eu beijei-a com a minha boca nojenta e senti-me porco e indigno
E o tempo da vida deixava-se sempre sentir como um momento
O jantar. O cisma.
ceifou metade de um pulmão.
Ganhava terreno a noite.
um jazigo mais belo do que a tua própria casa e quase tão valioso. Nunca soube, naquele tempo, que fazer-te uma homenagem assim era ridículo
Quantas asas é possível cortar-se a um homem?
voltava a mim a tua imagem
(penso eu que olhei)
existe a morte e o eterno sofrimento de nos lembrarmos da vida de quem morre e antes é nosso, garantidamente para sempre.
Há quantos anos foi que tudo aconteceu?

1 comentário:

Alberto Colima disse...

Muito bem amigo! Todos temos a mente pulvilhada de nomes sem corpo.