quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Da natureza como os olhos de cada um

ÁGUA MORRENTE

Il pleure dans mon coeur
Comme Il pleut sur la ville.
Verlaine

Meus olhos apagados,
Vede a água cair.
Das beiras dos telhados,
Cair, sempre cair.

Das beiras dos telhados,
Cair, quase morrer...
Meus olhos apagados,
E cansados de ver.

Meus olhos, afogai-vos
Na vã tristeza ambiente.
Caí e derramai-vos
Com a água morrente.


(Camilo Pessanha, Clepsydra, 1920)

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